Quando se descobre que algum membro da família está com alguma doença grave, o impacto que a própria pessoa e seus familiares sofrem é muito grande. De início a pergunta que vem à cabeça é sempre a mesma: Qual o motivo por tudo isso estar acontecendo? A partir daí, começa uma batalha dura para a superação de tudo.
A busca pelo tratamento da doença é o primeiro passo. A procura por especialistas, pelo entendimento e por todos os recursos possíveis acontece. A rotina dentro de casa não é mais a mesma. Tudo passa a acontecer em torno da pessoa que está sofrendo da doença. O processo é longo e requer compreensão dos que convivem com esse novo obstáculo.
Mas infelizmente, muitas vezes, mesmo com tratamento a pessoa não consegue superar a doença e vem a falecer. E agora, o que fazer? A dor de perder alguém querido, ainda mais um membro familiar é muito grande. A revolta pelo fato ocorrido toma conta das pessoas que tanto lutaram para que isso não acontecesse. Até ver que tudo aquilo é mesmo verdade, leva um certo tempo. Depende de cada pessoa.
A rotina muda novamente. Dessa vez as pessoas têm que se adaptar à ausência de alguém que durante um curto ou longo tempo (dependendo do estágio da doença em que se encontrava) foi a atenção da casa, ainda que de maneira negativa. Uma grande tristeza invade, e a estrutura familiar nesse momento se provará. De um lado, os familiares podem se unir como nunca e superar juntos a mais um obstáculo, e de outro a família se partir por inteira.
Alguns podem não conseguir superar ou aceitar, e se revoltam. Nesse caso é interessante procurar a ajuda de especialistas , ou melhor, a ajuda da própria família que passou por tudo aquilo e não dará as costas, num momento tão difícil. A fé também é uma saída nesse tipo de situação. A procura por um novo sentido de viver está em Deus, pois para muitos ele é o único que pode dar conforto e acalmar a dor que parece não passar nunca.
Não podemos saber quando perderemos quem amamos e, muitas vezes, só reconhecemos o valor das pessoas quando isso acontece. Valorizar os momentos, sejam eles felizes ou tristes, é a melhor saída. Brigamos, discutimos pois somos diferentes uns dos outros. Mas não podemos esquecer que a morte pode ocorrer a qualquer momento, e isso infelizmente não podemos evitar e muito menos correr atrás.
Abaixo, a experência de uma estudante de 18 anos, que não quis ser identificada, e passou por essa experiência:
“Descobri que minha mãe tinha câncer no colo do útero com 12 anos. A princípio não sabia muito bem do que se tratava, pois era praticamente uma criança e não entendia o que estava se passando. Não sabia também porque minha mãe não passava isso pra gente, sentia dor e muita dor, mas procurava guardar para si. Comecei a perceber que algo de grave estava acontecendo, via todo mundo na minha casa preocupado e procurei entender aquilo. Quando dei por mim, vi que tinha que ficar ainda mais ao lado da minha mãe. Começaram os tratamentos. Ela teve que fazer quimioterapia durante um bom tempo. Era horrível vê-la passando por tudo aquilo, me doía muito e vi que a única maneira de ajudar, era estar presente quando ela precisasse. Sinceramente, não consigo me lembrar de muitas coisas.
Felizmente após o tratamento, o câncer se foi. Mas a partir dali muitos outros problemas foram desencadeados. Ficou com problemas em outros órgãos, mas principalmente no rim. Foi uma luta intensa. Via minha mãe ir ao hospital direto, fazer exames e muitas vezes ficava internada. Acreditava que era um procedimento normal. Tudo bem. Mas depois de algum tempo, especificamente uns 5 anos. O câncer havia voltado. Revoltei-me, xinguei a Deus, chorei, me desesperei. Porque tudo aquilo novamente? Minha mãe não merecia esse sofrimento. Mas por incrível que pareça, me senti melhor quando procurei por ela. Ela me fazia sentir segura. Não desistia por nada. Sorria como se não sentisse dor, e quando essa era muito forte, chorava, como uma criança. Não consigo imaginar a intensidade da dor que ela sentia, mas refletia em mim por ver tudo aquilo e não poder fazer nada. A rotina da casa mudou. Toda a atenção era voltada para ela. Tinha que ficar internada várias vezes. Eu só queria ficar do lado dela. Mesmo vendo tudo aquilo, não acreditava em sua morte, pois ela dizia que não desistiria e disse ainda para minha irmã: ‘Eu ainda vou brincar com seus netos.’
Mas Deus não quis assim. Quanto eu tinha 17 anos, estava à tarde em casa descansando após chegar da escola, pois as 16:30 iria visitá-la na UTI. Mas não foi possível. Recebi a notícia de seu falecimento quando quase entrava no carro para ir ao hospital. Nunca senti dor tão grande. É uma dor inconsolável. Parecia que a vida havia perdido o sentido. Não consigo explicar o tamanho do amor que sinto pela minha mãe. Ela se foi,e ainda que não esteja presente em corpo aqui, é o meu sentido de viver. Fiquei revoltada por ela ter partido, e não consigo e nem sei se quero, aceitar. A família ficou muito abalada, vir para casa não é mais a mesma coisa. Senti e, confesso que senti, vontade de desistir de tudo. Mas parei pra pensar que se fizesse isso, estaria jogando fora todo o esforço que ela teve, ainda que doente, para eu ser tudo que sou hoje. Acredito que Deus a levou pois, lugar de anjo é realmente no céu!”
domingo, 7 de outubro de 2007
De repente, adeus
Postado por Talita Perna às 21:19 6 pessoas entraram e tomaram um cafezinho
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