sábado, 29 de setembro de 2007

A educação no combate ao crime

É cada vez mais comum a presença de menores de idade em diversos tipos de crime: tráfico de drogas, assaltos, seqüestros, etc. Diante de casos de grande repercussão, como o brutal assassinato do menino João Hélio , João Hélio em fevereiro deste ano, se discute a redução da maioridade penal para esses infratores, com a intenção de coibi-los. Mas será que essa é a melhor solução? O que tem sido feito para evitar as causas pelas quais as crianças são levadas para a ilegalidade? E o que está sendo feito para recuperar os infratores, preparando-os para retornar ao convívio social e buscar uma vida digna?

Tanto os detentos quanto qualquer outra criança que não tenha moradia decente, saúde, alimentação, lazer e acesso à educação de qualidade têm forte tendência a procurar soluções para os seus problemas em atividades ilícitas. É aí que as escolas podem dar uma enorme contribuição para a salvação de futuros criminosos em potencial.

Promover a inclusão social - seja através de programas culturais, esportivos ou de cursos profissionalizantes, por exemplo - pode render resultados muito positivos. Foi o que mostrou uma pesquisa do
Instituto Ayrton Senna(segundo revista Época) sobre os efeitos da abertura de 2.102 escolas aos fins de semana, com projetos educacionais especiais. Em três anos, houve redução de:
63% no consumo de drogas,
63% no porte de armas,
57% nas ameaças a professores,
55 % nas agressões físicas,
43% nas depredações
e 42% nos furtos e roubos.

A
Fundação Casa (antiga FEBEM, vista por muitos como uma “escola do crime”), também tem apostado na reabilitação dos internos por meio de medidas voltadas para o social, como a proximidade da família durante o cumprimento da pena e a possibilidade de estudar fora da Instituição (dependendo da gravidade do crime cometido).

É claro que as ocorrências lamentáveis que vemos nos jornais não se justificam, mas tratar esses menores – pobres e marginalizados, na grande maioria – como bichos que devem ser excluídos do “nosso mundo” não deixa de ser um crime.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Ser diferente

foto: Garambone



Muitos casais sonham em ter filhos. Jogar bola, videogame, brincar de casinha e contar histórias antes de dormir enfeitam a felicidade de ser pai. Por vezes os pais ficam ansiosos quando estão esperando bebê, desta forma, se algo não acontece da maneira planejada a família toda fica em choque. Isso ocorre quando a criança nasce com uma deficiência física ou mental, eles sentem como se seus sonhos não fossem se concretizar.

Hoje em dia, a maioria dos casos de deficiência pode ser diagnosticado antes do nascimento, através dos exames de pré-natal. Porém, às vezes a família só fica sabendo quando o neném nasce. Pais de primeira viagem nunca estão preparados, ainda mais quando se trata de uma criança especial. Abordar este assunto com uma mulher grávida chega ao cúmulo de soar como uma indelicadeza. Isso porque ainda existe muito preconceito com os deficientes. Alguns, pais quando descobrem a doença ainda na gestação, preferem abortar, ainda que ilegalmente. Outros têm a criança, mas sentem tanto medo do sofrimento que o preconceito causará que acabam superprotegendo o bebê.

Os casais que pretendem ter filhos devem ter em mente que há possibilidade da criança nascer ou adquirir uma deficiência, mas é possível ter uma vida saudável da mesma forma. O primeiro preconceito vem dos próprios pais na hora de assumir a doença.

A atriz mirim Joana Mocarzel, sete anos, é prova de que o desenvolvimento, neste caso de crianças portadoras de síndrome de down, é possível, basta haver incentivo. O jogador de futebol Romário tem uma filha também com síndrome de Down , e diz: “ a gente sabe que ela é definitivamente mais do que especial. Tenho certeza de que ela vai ser uma das pessoas mais maravilhosas que Papai do Céu pois na Terra”.

Os deficientes físicos e mentais são lições de vida; eles são perseverantes, têm força de vontade e uma alegria de viver que contagia; muitos são mais felizes em suas condições do que aqueles considerados perfeitos. A deficiência depende muito da abordagem feita. Se for encarada como um problema, o desenvolvimento será complicado, se considerado um desafio, superar pode ser gratificante. As dificuldades existem, mas isso não é diferente para nenhum ser
humano.



foto: Unipar

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Pausa para os comercias

Como "bônus", resolvi colocar este vídeo do Lucas & Juquinha que passava na Rede Cultura. Quem não sabe do que eu estou falando, vai recordar quando assistir ao vídeo. E quem ainda assim, não se lembrar, é porque é muito novo e não pegou essa excelente época da TV Cultura.

E não menos importante, o resultado da nossa enquete: Você acha que os pais devem proibir as crianças (zero a 12 anos) de assistirem televisão?


Sim, porque há conteúdo impróprio para determinadas idades mesmo durante o dia (1 voto 8%)
Sim, desde que os pais conversem com seus filhos para explicar o porquê da proibição (1 voto)
Não, porque as crianças ficarão deslocadas dos assuntos do grupo (nenhum voto)
Não, porque as crianças têm que desenvolver autonomia para decidir o que é bom ou não para elas assistirem (1 voto)
Não, porém devem conversar com seus filhos a respeito de idade certa para certos programas (9 votos 75%)

total: 12 votos

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A favor da família, sempre!

fonte: CEJAI-CE

A maior parte das pessoas concorda que família é aquela que vive junto, que mora na mesma casa e divide problemas, ambições, alegrias, etc. Concorda também que pais são aqueles que educam, dão amor, carinho, ajudam o filho e o corrigem sempre que necessário. Então como explicar o preconceito que, algumas vezes, a sociedade tem em relação a filhos adotados?
Se um casal de apaixonados, sendo eles de diferente sexo ou não, resolvem adotar uma criança com todo amor, não deveriam haver obstáculos para isto.

Um filho adotado é um filho que os pais escolheram e, que de alguma forma algo entre eles foi legal desde o primeiro encontro até o momento final da adoção. O processo de adoção leva algum tempo para se concluir, pois são necessárias entrevistas, acompanhamento de assistentes sociais que possam avaliar os interessados na adoção para verificar a condição de vida que darão ao adotado.

O CeCIF – “Toda Criança em Família” é uma organização não-governamental de interesse público que promove ações que preservem os direitos da Criança e do Adolescente à convivência familiar e comunitária.

Ao conversar com crianças e adolescentes adotados questionei sobre o que pensavam da educação que devem receber dos pais e, a resposta foi uma só, de que os pais devem contar para os filhos que eles são adotados, pois não é vergonha para ninguém e, desta forma a relação deles ficará mais confiável.

Rodrigo Aureliano, 24, graduado em Biologia afirma: “Eu como biólogo acredito que não existe essa história de crianças serem revoltadas pelo fato de ser adotada e ser filho biológico de um bandido ou de uma mulher pobre que não tem condições de criar. A índole da criança é construída com os pais que dão a educação”.
fonte: SESAP-RN
Deve-se dispor de uma educação “normal” como se o filho fosse seu biologicamente.
Uma família sem condições de criar um filho deve sim colocá-lo à adoção, pois ele poderá ter uma nova oportunidade de vida. Tanto a sociedade como o processo de adoção, não deveria ter o preconceito de pais gays adotarem um filho, pois o modo de como a criança verá a vida e entenderá os fatos será criado de acordo com a educação que ela receber, independente do sexo de seus pais.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A infância em extinção


fonte: All Posters



Os tempos, definitivamente, são outros. No passado recente, tudo o que as crianças mais queriam ganhar eram brinquedos. Mas nesse novo mundo, caracterizado por uma infância cada vez mais precoce que faz com que a vaidade e o individualismo cresçam rapidamente, meninos e meninas de 12 anos para baixo estão progressivamente abraçando o mundo da moda, da tecnologia, e do sexo.

Fui a uma festa umas semanas atrás de uma garota de classe média alta que estava fazendo 11 anos. A casa dela havia se tornado uma balada. Funk e música estilo black de letras pornográficas e insinuantes tocavam bem alto enquanto as crianças dançavam na “pista” improvisada. DJ, som duvidoso, luzes... Fiquei impressionado e triste com aquilo tudo. Os presentes não eram brinquedos ou algo do tipo. Eram roupas, maquiagem, sapato, jóias.

Essa nova geração é chamada de tweens, abreviação da palavra between (entre, em inglês) e trocadilho com teens (adolescentes). Um personagem que espelha e satiriza essa nova classificação é o Bob Esponja Calça Quadrada (foto), que não sabe se é adulto ou se é criança. O estímulo excessivo de vaidade na criança pode trazer sérios problemas para o futuro. Um exemplo disso é o número crescente de crianças preocupadas com regimes, maquiagem, moda e coisas do tipo. Na minha época ganhar roupa era o fim, eu gostava mesmo era de ganhar brinquedos, como todas as crianças. E brincar na rua até o anoitecer. Hoje as únicas crianças que vemos nas ruas são as que não têm casa para morar.


foto por Blad Meneguel



Li uma matéria na revista Caras sobre o aniversário da Sasha, a filha da Xuxa. Como uma mulher que se diz “A Rainha dos Baixinhos” pode destruir a infância da própria filha? De presente, a pequenina que completou 9 anos ganhou uma moto. É, uma moto. E na trilha sonora da festa de aniversário, repetimos o funk: “Sasha gosta, mas eu amo funk. Sem querer, acabei influenciando um pouquinho na escolha”, a mãe. Imaginemos esse “pouquinho”. Para me ajudar, a revista Contigo fez uma entrevista muito mal-feita com a Sasha. Agora pergunto, caros leitores, essa garota aparenta ter apenas nove anos?

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Por que na nossa família as pessoas morrem de repente?

Pai mata filho de seis anos em Minas Gerais. Filho mata o pai com facada no peito em Ponta Porã. Pai mata filho violento a pauladas em Pacajus. Pai mata os três filhos e depois se suicida. Mãe mata bebê de sete meses com faca de cozinha. Homem que fez família refém é tranqüilo, dizem vizinhos. Essas são algumas manchetes de diversos jornais do país nos últimos dois anos.


O que leva pais e filhos que por definição deveriam se amar incondicionalmente, a cometer crimes entre si? Os motivos mais citados nas reportagens estão relacionados com o abuso de drogas ou problemas financeiros. Sim, problemas financeiros! Os pais entram em desespero diante de uma crise no trabalho e acham que a única solução é acabar com tudo - literalmente. Eles pensam que amor é não deixar os filhos passar por dificuldades, mesmo que isso custe a vida deles.


A violência de filho para pai é levada por uma mistura de abuso de drogas e incompreensão. Ou porque eles se sentem incompreendidos. Cabe aqui um trecho de Pais e Filhos, da Legião Urbana: "Você diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo. São crianças como você, o que você vai ser quando você crescer."


A psicóloga Fulvia de Souza Veronez, mestranda da área de Distúrbios da Comunicação Humana no
Centrinho/USP diz que “O eixo familiar se perde e a inimputabilidade - ignorar o caráter ilícito de seus atos - surge tão rápido que é praticamente impossível de se evitar uma tragédia no calor de uma discussão. A indisciplina e o uso de drogas passam a ter um papel fundamental nos julgamentos que se perdem em atos de extrema violência”.


A idéia de distúrbio emocional se repete na justificação de um projeto de lei para instituir a
Semana Nacional contra Violência na Primeira Infância: “conscientizar as autoridades investidas e a população sobre as verdadeiras causas da violência e explicitar que atrás de uma arma que mata há sempre um cérebro emocionalmente mau preparado”.


Manchetes:
http://www.pernambuco.com/diario/2003/05/26/brasil2_0.html
http://www.bonde.com.br/bondenews/bondenewsd.php?id=470LINKCHMdt=20060819
http://www.maracaju.news.com.br/POLICIA/view.htm?id=60883&ca_id=26
http://www.estadao.com.br/cidades/not_cid54966,0.htm

domingo, 23 de setembro de 2007

Diálogo e sexo na boca de todos

"Assim entre os 12 e os 13 anos nas meninas e os 13 ou 14 nos meninos aparece de repente o interesse pelo sexo oposto, ainda que cada adolescente seja um mundo à parte". Começo meu texto com essa frase de Teresa Artola González¹, pois o assunto de hoje envolve sexo na adolescência.

Os tempos mudaram e hoje em dia falar sobre isso não é mais um pecado. A vida sexual dos jovens se inicia cada vez mais cedo e o diálogo entre pais e filhos se torna cada vez mais essencial. A boa conversa, o esclarecimento, e a abertura para escutar os filhos podem evitar muitas conseqüências indesejadas. Vemos no nosso dia-a-dia meninas grávidas sem estrutura nenhuma para criar um filho, e além disso, adolescentes com as chamadas Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Os filhos também devem fazer sua parte. Procurar os pais para conversar e tirar suas dúvidas quanto ao assunto e também outras fontes de informação, como por exemplo especialistas que trarão mais conteúdo sobre esse tema. Após isso, colocar em prática o que se aprendeu, com responsabilidade e cuidado.

Mesmo sendo complicado de se tratar com um filho, os pais devem se atentar para o fato de que a solução para esse assunto não é escondê-lo. Mais cedo ou mais tarde a descoberta dessa vida sexual se dará, e o melhor é que esse adolescente esteja preparado para lidar com essas novas experiências.


¹ Teresa Artola González é Doutora em Psicologia pela Universidade Complutense, de Madri. Desenvolveu um amplo trabalho de pesquisa e docente no campo da Psicologia infantil como Professora do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação. É autora de diversas publicações em sua maior parte dedicadas aos problemas de aprendizagem, sua avaliação e tratamento.

Fonte: Portal da Família