terça-feira, 11 de setembro de 2007

"Papai, Sou Gay"

O homossexualismo hoje em dia já está infiltrado em nossas casas. Amigos de amigos são, primos, vizinhos... Nem as novelas ignoram mais. É um tema atual e não há como fugir. Vivemos uma era de liberdade sexual só vista antes na época de woodstock. Mas o que foge à essa liberdade é a pergunta de um milhão de dólares: Será que meu filho(a) é gay?

Por mais esclarecidos que os pais modernos sejam, ainda há aquele lampejo de desejo conservador que espera que não aconteça com seu filho. Embora atualmente os pais estejam mais aceitáveis quanto a esse assunto. Quando digo isso não quero dizer que não haverá brigas e discussões. Haverá sim, mas é passageiro. É o susto, o baque, e depois passa.
Ouvimos muito as pessoas dizendo que existem mais homossexuais que antigamente. Na verdade eles sempre existiram, desde a Grécia Antiga. O que acontecia é que as pessoas não se assumiam tanto, e hoje há essa abertura, essa conquista contra o preconceito. O prejulgamento sempre existirá, infelizmente, mas está cada vez mais enfraquecido.
Leia a seguir a entrevista que fiz com um garoto de classe média que não quis ser identificado, mas que lida bem com sua homossexualidade, e que contou sua experiência e como a família lidou com tudo isso.

O estudante G. C., 19, relata como é o relacionamento familiar, as brigas, a aceitação e outros casos homossexuais na família:

  • Quando você descobriu que é homossexual?

Foi quando tinha 11 anos. Não tinha interesse em garotas e fiquei com um garoto da mesma idade.

  • Daí você contou para os seus pais ou eles que descobriram?

Eles descobriram quando eu estava com 13, vendo meus emails. Teve muita briga, muita discussão. Já me relacionava com outros garotos e tudo mais. Mas diálogo aberto mesmo só com 16, 17 anos, por aí.

  • Sua família não aceitou muito bem..

De início foi um choque. Rolou briga, com uns 15 anos eu saí de casa. Mas foi momentâneo, fiquei na casa de um amigo mas depois voltei. Conforme o tempo, fui ganhando espaço e abertura através de diálogo. Hoje em dia é normal. Minha família inteira sabe e leva numa boa. Sou bastante respeitado.

  • E como você se sentiu com tudo isso acontecendo?

Senti insegurança, medo das pessoas me rejeitarem, tristeza... esse pacote todo (risos). Mas os amigos do "meio" me ajudaram bastante através de conversas e experiências.

  • E o preconceito?

Preconceito é uma palavra muito forte. Já rolou uns comentários maldosos dos meus irmãos (G. C. tem um irmão de 18 e uma irmã de 15). Entendo porque, da mesma forma que foi um choque pra mim, também foi pra eles. Mas nunca fui discriminado pela minha família.

  • Tem outros casos de homossexuais assumidos na família?

Tenho dois tios mais velhos (41 e 44). O fato de ter esses casos na família ajudou a ter um comportamento mais aceitável e mais aberto em relação a isso. Foi mais difícil pra eles do que pra mim. Eles prepararam o terreno (risos). Não que essa tenha sido a intenção deles, mas foi mais fácil para eu assumir.

  • E você acha que eles podem ter te influenciado de alguma forma?

Não, de jeito nenhum. Acredito que quem é gay, já nasce gay. Eles não influenciaram em nada minha escolha.

  • O que mudou no comportamento da família?

Mudou para melhor. Eu era muito mais tímido e retraído e hoje me sinto mais a vontade, mais leve. Até brincadeiras e piadinhas rolam numa boa.

  • Algum defeito ou vício foi mais bem aceito que o fato de você ser homossexual?

O fato de fumar foi muito mais bem aceito. E até mesmo os meus defeitos como pessoa eles aceitam melhor.

7 comentários:

Lígia Ruy disse...

O texto ficou melhor do que eu esperava. E olha que eu não esperava pouco!

Parabéns Yuri.

Enquanto a homossexualidade, acredito que o fato de assumir perante esta sociedade preconceituosa é um grande desafio. O apoio da família passa a ser o maior conforto.

Jacqueline Toledo disse...

As pessoas devem respeitar e aceitar a diversidade.
Infelizmente grande parte da sociedade tem pensamentos muito primitivos e preconceituosos, com idéias erradas à respeito da liberdade sexual. A homofobia é crime, pena que muitos ainda não se deram conta disso.

Esse é um ótimo assunto para se discutir educação.

Alice disse...

só um detalhe: no começo dos anos 90 o termo homossexualismo deixou de ser usado, pq tinha a conotação de doença. hj o termo homossexualidade é mais usado.

Yuri Kiddo disse...

é que eu sou um cara clássico, retrô! =P

Talita Perna disse...

Yuri, mto bom o texto e a entrevista...Parabéns!!

caio disse...

muito boa ,velho!

Fernando Freitas disse...

Discussão muito importante, Yuri. E extremamente delicada também.
É evidente que a homofobia é um preconceito sem fundamento, como todos os outros. Mas, para os pais e amigos de um homossexual, é compreensível que haja uma certa estranheza com o fato.

Não sei se reagiria indiferente se meu filho levasse um amiguinho gay para dormir em casa. Ou que assumisse (e eu sinceramente espero que não aconteça), como sugere o título da postagem: "Papai, sou gay".

É muito mais fácil lidar com a realidade alheia, mas quando o "problema" é nosso, as coisas não são tão simples assim...